quarta-feira, 28 de maio de 2008

33- O Surgimento dos Mercados de Derivativos




33- O Surgimento dos Mercados de Derivativos


É sempre complicado tentar estabelecer data precisa para o início da evolução de um mercado. Geralmente a evolução é lenta, as experiências com êxito são depuradas e, gradualmente a instituição vai amadurecendo. Além disso é comum haver descontinuidades, podendo um instrumento ficar “esquecendo” durante algum tempo para depois reaparecer.
Estima-se que os primórdios dos mercados de derivativos remontem a muitos séculos. Seu princípio básico - contrato hoje, entrego depois - parece ter vigorado já por volta do ano 2000 a.C, quando mercadores da península arábica recebiam bens de comércio da Índia, existindo apreciável intervalo de tempo entre a aquisição desses bens e a data de sua efetiva entrega.



Foto: Thales de Mileto


É bastante conhecida do mercado também a história do Tales de Mileto. (c.625-558 a.C.) – Matemático e Filósofo Grego.[1] Diz a lenda que indagado porque os filósofos não eram ricos, já que tinham um vasto conhecimento, Thales de Mileto resolveu provar que se quisesse poderia ser rico e usou seu conhecimento astronômico e metereológico, prevendo uma grande safra de azeitonas no ano seguinte. Então, ele alugou todas as prensas de azeite de oliva da região, quando não havia demanda real por elas a um preço baixíssimo, e quando chegou a epoca da colheita, no verão, Os produtores de Azeite de Oliva, tiveram que pagar a ele pelo uso das prensas, e como ele havia se tornado o monopolista das prensas naquele período, ele as alugou por um preço muitas vezes maior ao preço que ele havia pago, ganhando por fim uma grande quantia em dinheiro. Esta seria a primeira história de fato que determinaria o conceito de mercados futuros, Thales de Mileto, teria previsto que o preco das prensas iria se elevar, e “comprou” com um ano de antecedencia as prensas, para “revendê-las” mais caro no momento futuro.
No entanto, apenas no início do século XIX, ocorreu o nascimento efetivo dos moernos mercados futuros.
A euforia de negócios causada pela grande imigração, a marcha para o Oeste eo grande avanço da agricultura no Meio-Oeste agiram como catalisadores para o deslanche desse mercado. Na década de 40, a cidade de Chicago, Estado de Ilinois, situada no Meio-oeste, começou a despontar como cnetro de comercialização para fazendeiros de Estados adjacentes. Chicago tinha localização estratégica, pois podia receber grãos de todo o fértil meio-oeste e enviá-los pelos grandes lagos e canais para a costa leste, sendo ainda um dos maiores centros ferroviários dos Estados Unidos.
Havia, entretanto, grande problema de desequilíbrio no mercado. Na época da colheita, no outono, os fazendeiros despachavam seus produtos apra Chicago. As vezes, a produção de trigo e milho era muito superior à demandada pelos compradores, obriando os fazendeiros a jogarem o excedente de seus produtos no lago Michigan, pois não existiam silos e depósitos com capacidade suficiente para armazená-los. Quando chegava a primavera, ocorria o oposto, grande escassez de grãos.
A escassez em um período e a abundância em outro provocavam muitas e grandes oscilações nos preços dos grãos, causando problemas para os fazendeiros, comerciantes e consumidores de produtos derivados de grãos. Logo, o mercado encontrou meios para lidar com esse problema.
Em 1842, 82 dos maiores comerciantes de grãos de chicago uniram-se para criar uma bolsa organizada – a Chicago Board of Trade ( CBOT). Seu principal objetivo era promover o comércio na cidade e arranjar local adequado apra que compradores e vendedores pudessem negociar as commodities.
O estabelecimento da bolsa de Chicago ajudou a reduzir as grandes flutuações de preços que ocorriam no mercado, devido a excessos de oferta ou de demanda. Permaneceram, porém, diversos outros fatores que podiam prejudicar a formação de preços.
Em uma primeira fase, o mercado se organizou em torno de operações a vista e a termo. As operações a termo, se por um lado satisfaziam aos produtores, oferecendo-lhes instrumentos de fixação de preços, e aos comerciantes que podiam assegurar os preços de compra das mercadorias, por outro lado impediam o interesse por outros agentes – os especuladores- que poderiam trazer recursos de fora, no circuito da comercialização física das commodities.
Suas necessidades maiores eram a de instrumentos que permitissem facilmente entrar e sair do mercado.
A evolução seguinte, portanto, foi na direção de padronizar esses contratos a termo em relação à:
à quantidade
àqualidade
àdata de vencimento
àlocal de entrega
Com a padronização, tornava-se possível aos participantes que fosse indiferente negociar com uma ou outra pessoa ou empresa, pois de qualquer modo seria entregue a mesma quantidade com a mesma qualidade (considerando a padronização)
A integridade financeira e de entrega física foi conseguida por meio do desenvolvimento das câmaras de compensação ( clearing houses), que estabelecem diversos procedimentos para viabilizar a boa liquidação dos contratos. Dessa maneira foram estabelecidos os princípios básicos nos quais assentam os modernos mercados de futuros.


Até a década de 1970 os mercados futuros eram basicamente mercados de commodities agrícolas e minerais. Tudo isso mudou radicalmente com a chegada dos instrumentos financeiros para o pregão das bolsas de futuros. Até então, não se julgava possível que os mercados futuros pudessem existir sem entrega física do ativo subjacente ao contrato.
A declaração pelos Estados Unidos do fim da inconvertibilidade do dólar em 1971 e o colapso do acordo de Bretton Woods, nos anos seguintes alteraram, radicalmente este quadro.
Os mercados financeiros passaram a se tornar mais voláteis. Fortaleceu-se o mercado de eurodólar, as taxas de câmbio passaram a flutuar, as taxas de juros começaram a ficar mais sensíveis a mudanças domésticas e internacionais e os mercados futuros responderam com a criação de contratos futuros de moedas, taxa de juros e de índice de açõs e viabilizaram a liquidação financeira sem entrega física



A evolução do moderno mercado de opções é ainda mais recente. Em abril de 1973, a CBOT criou nova bolsa, a Chicago Board Options Exchange, para a negociação de opções de ações.
A partir daí outras bolsas, começaram a negociar opções nos Estados unidos, tais como a American Stock Exchange ( AMEX) e a Philadelfia Stock Exchange.
Nos anos de 1980, desenvolvera-se mercados de opções de taxa de câmbio, de índices de ações e de contratos futuros. Atualmente a maioria das bolsas que oferece contratos futuros também negocia opções sobre eles.

[1] Primeira menção ao termo derivativos documentada está em A POLITICA, de Aristóteles.