terça-feira, 27 de maio de 2008

8-CONJUNTURA PRODUTIVA BRASILEIRA

8-CONJUNTURA PRODUTIVA BRASILEIRA


Perfil da Produção
Cultura dos primórdios da colonização do Brasil, a cana-de-açúcar é uma gramínea semi-perene que ocupa atualmente mais de 5 milhões de hectares em duas regiões distintas: Centro-Sul e Norte-Nordeste, separadas por regimes de chuvas diferentes.

No Centro-Sul, que concentra cerca de 85% da produção, as precipitações ocorrem de setembro a fevereiro, ao passo que no Nordeste a estação das águas incide nos meses de junho e julho. Dessa forma, o desenvolvimento das lavouras ocorre em períodos alternados - a safra do Centro-Sul é contada de maio a abril, enquanto a do Nordeste vai de setembro a agosto.

A produção brasileira de cana supera a marca de 387 milhões de toneladas, volume processado em 306 usinas - das quais 236 no Centro-Sul - e que faz do País o maior produtor mundial.

No campo – Da família das gramíneas, a cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) encontra condições climáticas favoráveis para se desenvolver no Brasil. As principais exceções são Rio Grande do Sul e Santa Catarina, devido ao risco de incidência de geadas.

Antes de plantar qualquer cultura, deve-se analisar o solo a viabilidade econômica da atividade escolhida. Para plantar cana, o interessado precisa, acima de tudo, estudar as condições de mercado e obter apoio técnico para iniciar o cultivo. O Estado de São Paulo, por exemplo, conta com uma rede de Casas da Agricultura, ligadas aos Escritórios de Desenvolvimento Regional da Secretaria da Agricultura, que dispõem de programa de extensão rural, com orientação de engenheiros agrônomos.

Por ser uma cultura semi-perene, permitindo cerca de cinco cortes, a cana necessita de cuidados que diferem dos aplicados a culturas anuais, como arroz, milho e soja.

Planejamento – O planejamento para o cultivo da cana deve ser amplo, contemplando a escolha dos componentes da produção, como variedades, adubos, defensivos, máquinas, serviços etc; o custo de sua implantação e a adoção de um cronograma físico-financeiro. Se houver condições adequadas, pode se adotar o plantio direto, o que reduz o risco de erosão.

Caso contrário, o primeiro passo é o preparo do solo, levando em conta suas eventuais limitações, como compactação, falta de nutrientes, pragas e ervas daninhas perenes, que precisam ser eliminadas.

Nessa fase, são aplicados corretivos de fertilidade, como calcário, gesso e fosfato, seguindo-se da aração e das medidas necessárias para evitar a erosão do solo. Dependendo da variedade e da época do ano, devem ser plantadas de 12 a 16 gemas por metro, para evitar falhas no canavial.

Quando plantar – O plantio da cana dependerá das condições de solo, clima e variedades para que se obtenha a maior produtividade (toneladas por hectare) possível. O cultivo da cana depende da umidade do solo, resultado das chuvas ou da irrigação; e da temperatura média da terra, que não deve ser baixa (inferior a 20ºC), o que poderia prejudicar a germinação.

Em São Paulo, as variedades de cana estão divididas em três blocos: cana de ano e meio, cana de inverno e cana de ano.

Cana de ano e meio: Plantada entre fevereiro e maio, a cana de ano e meio tem boa produtividade, com tempo de crescimento de 15 a 18 meses e variedades precoces, médias e tardias.

Cana de inverno: Plantada entre o final de maio a agosto/setembro, desenvolve-se no período de temperaturas mais baixas, podendo ser adotada quando há opção de irrigação. Seu período de ocupação da terra oscila, em média, de 12 a 14 meses.

Cana de ano: seu plantio é de setembro a novembro, no início das precipitações de primavera e exige solos mais férteis. As variedades precisam ficar prontas para a colheita do meio para o fim da safra. São necessários tratos culturais específicos na fase de desenvolvimento da planta, incluindo controle de pragas e de ervas daninhas.

Colheita – A colheita da cana-de-açúcar pode ser manual ou mecânica, de acordo com a topografia da plantação e dos recursos disponíveis para se investir no maquinário.

A colheita manual está normalmente associada à queima, que facilita o corte da planta e evita problemas como picadas de cobra.

A mecânica só pode ser realizada em terrenos com menos de 12% de declive, com a vantagem de fornecer cobertura verde - a palha da própria cana - para manter a umidade do solo.

Não se recomenda a estocagem de cana - no máximo, por dois dias - para evitar a perda de açúcar.

Na usina – Depois de colhida e transportada até a usina, a cana é descarregada por pontes rolantes equipadas com garras hidráulicas ou guindastes, em pátio aberto ou em barracão. A cana estocada em pátio é descarregada em mesas alimentadoras por tratores com rastelos, enquanto a recém-colhida é descarregada em mesa em pontes rolantes.

Na mesa alimentadora, a cana é lavada e, por meio de uma esteira metálica, passa para a fase de preparo - por facas niveladoras e facas picadoras, seguindo para um desfibrador (rotor no qual é acoplado um conjunto de martelos oscilantes que forçam a passagem da cana por uma pequena abertura).

Outro equipamento, o espalhador, é responsável por uniformizar o colchão de cana, reduzindo o seu tamanho. Ao fim do preparo, a cana vai para as moendas, onde é extraído o caldo.

Normalmente, cada moenda conta com um rolo de entrada, um rolo superior e um rolo de saída e, na maioria dos casos, com um rolo de pressão. O caldo extraído passa por peneiras e tratamento químico como sulfitação, com a absorção de anidrido sulfuroso, ou calagem, para regular o pH. Em seguida, é aquecido a 105ºC, passando depois pelo processo de purificação, com a retirada de resíduos de tratamentos anteriores. O caldo é decantado e, por meio da evaporação, é concentrado, recebendo o nome de xarope.

Para a produção de açúcar, o xarope passa pelo processo de cristalização por cozimento ou por resfriamento. Dos cristalizadores, o açúcar passa para a fase de centrifugação e, em seguida, pela secagem. O açúcar é então transferido por uma espécie de funil (moega) para sacos de 50 quilos.

Para a obtenção do álcool, o caldo de cana é fermentado, após tratamento de purificação por meio da pasteurização - aquecimento e resfriamento imediatos. A fermentação corre em tanques (dornas), obtendo-se teor alcoólico de 7% a 10%, passando a se chamar vinho. O calor liberado na fermentação torna necessária a etapa de resfriamento. O vinho é então centrifugado para separar as leveduras, passando, em seguida, para as colunas de destilação.

O álcool resultante é o hidratado, a 96ºGL. O anidro passa por outro processo de desidratação para chegar a 99,7ºGL.